O papel fundamental dos sacerdotes era o de ser mediadores entre Deus e o povo. Em seu ministério de ensino, os sacerdotes representavam Deus diante do povo (Dt 33:10). Muito relacionado com esse papel estava o dever sacerdotal de esclarecer a vontade de Deus aos que buscavam a direção divina (Nm 27:21). Os sacerdotes também agiam como juízes no santuário. De fato, o mais elevado tribunal da Terra funcionava no santuário central (Dt 17:8-13; 21:5). Eles eram especialmente responsáveis por abençoar o povo (Dt 10:8; 21:5) e representá-lo diante de Deus. Em seu papel representativo, eles levavam consigo o povo à presença do Senhor (Êx 28:9-12, 29).
O propósito do Dia da Expiação era remover do santuário os pecados que haviam sido colocados ali durante o ano. Essa obra era feita uma vez por ano – no décimo dia do sétimo mês. Levítico 16 ilumina esse evento especial:
O preparo do sumo sacerdote (Lv 16:1-4; Nm 18:1-8). O preparo do sumo sacerdote para o Dia da Expiação era intenso. Ele tinha que lavar não só as mãos e os pés, mas todo o corpo, para estar pessoalmente puro ao interceder pelo povo (Lv 16:4). Além disso, devia usar roupas específicas feitas de linho puro. “Como no cerimonial típico o sumo sacerdote despia suas vestes pontificais e oficiava vestido de linho branco dos sacerdotes comuns, assim Cristo abandonou Suas vestes reais e Se vestiu de humanidade, oferecendo-Se em sacrifício, sendo Ele mesmo o sacerdote, Ele mesmo a vítima. Como o sumo sacerdote depois de realizar essa cerimônia no santo dos santos, deixava este lugar e se apresentava ante a expectante multidão, em suas roupas pontificais, assim Cristo virá a segunda vez, trajando os mais alvos vestidos, ‘como nenhum lavadeiro sobre a Terra os poderia branquear’. Mc 9:3” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 33).
A ordem do serviço (Lv 16:5-22). Os dois bodes eram trazidos para a entrada do santuário no Dia da Expiação. Eram lançadas sortes “usando duas pedras, uma com o nome do Senhor, e a outra com o nome de Azazel” (Lv 16:8). O bode escolhido para o Senhor era morto como oferta pelo pecado. Depois disso, e para completar a expiação, seu sangue era espargido no propiciatório do Lugar Santíssimo, no altar de incenso do Lugar Santo, e no pátio.
O segundo animal era chamado bode emissário, e era trazido ao ritual após ter sido completada a expiação pelo santuário. O sumo sacerdote, então, colocava as mãos sobre a cabeça desse bode e confessava os pecados de todo o Israel; assim “passará para a cabeça do bode os pecados do povo” (Lv 16:21), era a instrução. Depois disso, o bode era levado ao deserto, onde era solto (v. 21, 22).
O significado do bode emissário (Lv 16:10). Não há unanimidade entre os teólogos quanto ao significado do bode emissário, principalmente porque “a maioria das versões deixam sem ser traduzida a palavra hebraica para bode emissário, ‘azazel’. ... Mas muitos eruditos modernos, juntamente com os judeus, afirmam que Azazel denota um espírito pessoal, ímpio, sobre-humano, e quase todos concordam que o significado de sua raiz é ‘alguém que remove’, ‘um removedor’, especificamente alguém que remove ‘por uma série de atos’”.1
“Aquele bode [emissário] levará sobre si todas as iniqüidades deles para terra solitária; e o homem soltará o bode no deserto” (Lv 16:22). Enquanto os israelitas assistiam o bode emissário partir, testemunhavam o último ato do drama – Satanás, com todos os pecados que havia instigado colocados “sobre a [sua] cabeça” (Sl 7:16), enviado para enfrentar sua sorte.2
O simbolismo do Dia da Expiação (Sl 28:2; 132:7; 138:2). No primeiro dia do sétimo mês ocorria o toque de trombetas, que devia chamar Israel para o Dia da Expiação dez dias depois (Nm 29:1). Os nove dias intermediários se tornavam dias de exame de coração, de preparo para o Dia da Expiação – o Dia do Juízo que selava seu destino. Eles criam que naquele dia era selado quem iria viver e quem iria morrer. Assim, para todos os propósitos práticos, era um dia de julgamento: “Porque toda alma que, nesse dia, se não afligir será eliminada do seu povo” (Lv 23:29). Deus destruiria qualquer pessoa que fizesse alguma obra naquele dia (Lv 23:30).
O Dia da Expiação representava as três fases do juízo final:
1. A fase investigativa do juízo é prefigurada na remoção dos pecados do santuário. Ela se concentra nos nomes mencionados no Livro da Vida assim como o Dia da Expiação se concentrava na remoção dos pecados daqueles que iam à casa de Deus (Sl 132:7) e erguiam as mãos para o Seu santuário (Sl 28:2). Assim, a fé dos verdadeiros crentes e sua união com Cristo será reafirmada diante do universo leal.
2. A expulsão do bode emissário para o deserto simboliza a prisão milenar de Satanás neste planeta desolado, que começa no segundo advento e coincide com a segunda fase do juízo final, que ocorre no Céu (Ap 20:4; 1Co 6:1-3).
3. O acampamento limpo simboliza os resultados da terceira fase, ou fase executiva do juízo, quando o fogo destruir os ímpios e purificar a Terra (Ap 20:11-15; Mt 25:31-46; 2Pe 3:7-13).3
Após o juízo ter finalizado, o nome de Deus, Sua misericórdia e Sua verdade (Sl 138:2) serão revelados de forma plena.
fonte:
http://www.cpb.com.br/htdocs/periodicos/licoes/jovens/2008/frlicj742008.html
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